As enciclopédias de gastronomia dizem pouco sobre a origem do ganache. Descrevem que foi criado por um confeiteiro francês, em meados do século XIX, a partir de uma simples mistura: creme de leite e chocolate em barra. Pelas contas, o tal creme já teria mais de 150 anos. Mesmo assim, ele não se faz de velho. Não se tornou enjoativo e muito menos caiu em desuso.Ao contrário, continua sendo produzido nas cozinhas profissionais e caseiras para rechear tortas e bombons, cobrir bolos e petit fours, guarnecer frutas frescas ou para ser devorado puro, de colherada. É, por isso, uma espécie de coringa da confeitaria.
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“Como a receita é bem básica, pode ser acrescida de mel, ervas aromáticas, especiarias, licores e até purê de frutas para ganhar outras nuances”, explica Samara Coelho, professora do Centro de Gastronomia do Senac São Paulo. Segundo ela, há quem adicione ainda uma porção de manteiga ou de xarope de glucose para dar mais estabilidade ao creme: “A gordura da manteiga deixa a mistura ainda mais macia e fácil para trabalhar, especialmente quando o ganache vai ser usado como recheio de bolo”.
No entanto, antes de se aventurar em variações do ganache, o melhor é entender o preparo da versão clássica. “Chocolate e creme de leite são dois ingredientes compostos de gordura e precisam ser usados em proporções adequadas para se chegar ao resultado esperado, que é um creme com brilho e de textura macia e aveludada”, diz Samara.
Cinco passos para fazer um bom ganache
1. Como em quase tudo na gastronomia, uma boa receita começa pela escolha dos ingredientes. Para fazer o ganache, prefira chocolates de boa qualidade, cuja composição contenha a concentração adequada de polpa e manteiga de cacau. “A maioria das marcas nacionais costuma ter alto teor de gordura hidrogenada na fórmula, o que mascara o sabor e prejudica a textura do produto”, diz Samara. No caso do creme de leite, escolha o do tipo fresco e com baixa acidez.
2. Há duas maneiras de preparar o ganache: derretendo o chocolate para depois acrescentar o creme de leite; ou aquecendo o creme de leite fresco que irá, em seguida, fundir o chocolate picado. Na primeira, o chocolate deve ser derretido sempre em banho-maria (45º C) para não queimar e ficar granulado. Se preferir a segunda opção, apenas aqueça o creme de leite, sem deixar fervê-lo.
3. Nos dois modos de preparo, mexa delicadamente a mistura com uma colher até obter um creme homogêneo e brilhante. Se bater demais ou de forma vigorosa, o ganache tende a ficar aerado (e essa não é a intenção).
4. Para cada tipo de chocolate há uma proporção adequada de creme de leite. Quanto mais gordura o chocolate tiver em sua fórmula, menos creme de leite será necessário acrescentar à receita. Tomando por base chocolates feitos com 100% de manteiga de cacau (ou seja, sem gordura hidrogenada), as proporções sugeridas são as seguintes:
– para cada 200g de chocolate amargo use 100ml de creme de leite
– para cada 200g de chocolate ao leite use 70ml de creme de leite
– para cada 200g de chocolate branco use 50ml de creme de leite
5. Use o ganache ainda morno para cobrir bolos e tortinhas. Ele se espalha com mais facilidade pela superfície. Quando a mistura já estiver mais fria, a manteiga de cacau contida no chocolate naturalmente se solidifica, deixando o creme mais espesso e consistente – boa opção para rechear bolos e macarons. O ganache mais firme e resfriado também é usado para fazer trufas, que são modeladas irregularmente e cobertas por uma fina camada de cacau em pó.
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Fonte: Ig Receitas
Chefe de Cozinha, redator e blogueiro apaixonado por culinária. Aprendeu a cozinhar quando foi morar sozinho e hoje compartilha suas experiências gastronômicas. Tenho receitas publicadas nos portais Terra, R7 e algumas dezenas de sites no Brasil e no mundo. Escrevo diariamente no Receita Toda Hora e Pilotando Fogão. Veja mais