Manteiga ou Margarina, qual é mais saudável?

Ela está lá na geladeira e existe há mais de cento e quarenta anos. Acompanha pães, receitas de bolo e serve para dar consistência àquele brigadeiro de panela. A margarina do café da manhã e do lanche da tarde gera controvérsias entre os nutricionistas: é saudável ou não?

Margarina-X-Manteiga

Desenvolvida no século XIX para servir como opção mais barata à manteiga, o alimento ganhou o mercado e várias adaptações: com sal, sem sal, light, cremosa, sem gorduras trans, aerada. No entanto, até hoje ninguém sabe dizer ao certo se ela é vilã ou mocinha da história. Para entender esse dilema é necessário saber como a margarina é feita e o que entra como ingrediente.

A margarina é produzida de óleo vegetal. Através de um processo chamado hidrogenação – reação química de adição de hidrogênio em uma molécula – o componente líquido fica sólido.  Depois são adicionados branqueadores e aditivos. Já a manteiga é de origem animal e é produzida através do leite batido. Depois de ser lavada e manuseada, adquire a forma sólida conhecida.

André Veinert, nutrólogo do Hospital Villa-Lobos, de São Paulo, explica que a composição de ambos os nutrientes pode dar pistas sobre o que é mais saudável. “A margarina é um produto artificial, rico em gordura e cheio de aditivos, o que pode dificultar a metabolização do organismo”, diz. No entanto, a manteiga é rica em colesterol e gordura saturada.

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A gordura saturada causa polêmica: alguns dizem que pode aumentar os riscos de doenças coronárias, porém outros afirmam que ela é uma importante protetora do coração. Estudos recentes contestam a má fama atribuída a esse tipo de gordura, que é encontrada em alimentos de origem animal como carnes, ovos e manteiga. Já a margarina é rica em gorduras insaturadas, a chamada “gordura do bem”.

A manteiga também tem, mas em menor quantidade. Em resumo, ambas são ricas em gordura, mas a margarina leva algumas desvantagens. “Ela é rica em Ômega 6, nutriente que se ingerido em grande quantidade aumenta os riscos de desenvolver processos inflamatórios e doenças coronárias”, detalha o médico. Segundo ele, a margarina amplia também os riscos de câncer. “Por ser um produto totalmente industrializado e com aditivos como corantes e estabilizantes”, emenda.

Tanto gorduras saturadas, quanto insaturadas oferecem benefícios e malefícios à saúde. Mas há uma terceira categoria que os médicos não recomendam: as gorduras trans. Nesse caso, a manteiga sai em vantagem, pois as gorduras trans são obtidas através do processo de hidrogenação dos óleos vegetais. A indústria costuma usar muito esse processo, pois ele aumenta a validade do produto e necessita de menos refrigeração, por esses fatores acaba saindo mais barato no custo-benefício. No entanto, o médico ressalta que não é necessário aposentar de vez a margarina.

“Atualmente é possível produzir margarina sem a gordura trans – ou com valor bem reduzido, através do processo de interesterificação. Todas as margarinas com zero trans têm gordura interesterificada, que nada mais é que um óleo vegetal modificado quimicamente”, explica o nutrólogo. Há também as versões light, que contém alto teor de água e por isso são reduzidas em gorduras e calorias.

Para as pessoas que decidirem dizer não à margarina e também à manteiga, o especialista sugere utilizar o azeite, um óleo que pode trazer muitos benefícios à saúde. “Ele possui uma quantidade boa de ácidos graxos monoinsaturados (Ômega-9), que auxiliam no aumento do HDL e diminuição do LDL-colesterol, protegendo os vasos e o coração”, afirma.

No entanto, ele ressalta: em todos os casos é necessário lembrar que estes são produtos ricos em gordura e com alto valor calórico. O mais importante, é não esquecer que um alimento só não faz verão: uma dieta pobre em nutrientes e pouco diversificada é o que faz estragos à saúde. E isso não é culpa da margarina, nem da manteiga.

Fonte: O Tempo